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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DIA INTERNACIONAL DO FOLCLORE


A primeira lembrança é a do inglês William John Thons que no dia 22 de agosto de 1846 fez o primeiro enunciado do vocábulo folclore. Depois, navegando pelas mansas águas do Rio São Francisco, vamos içar a alma do mestre Saul Martins que, por certo, ali foi repousar depois de seu encantamento. Era ele o mestre do nosso folclore, o que mostrou as belezas e grandezas da nossa cultura revelando a alma de nossa gente com tanto zelo. Ele, que ao lado do mestre Aires da Mata Machado e outros fundaram a Comissão Mineira de Folclore, instalada em 19 de fevereiro de 1948. Deixando as barrancas do rio, avançamos pelo córrego Angical até nos desviar para as barrancas secas da grota do Surucucu, encontrando uma humilde casinha fincada no tauá, numa suave lombada sob a sombra de solitário pé de xixá entrelaçado à copa de um umbuzeiro. Ali encontramos a luminosidade da figura do mestre Minervino acertando as curvas de uma viola ou mimo de uma rabeca, ajustando as folhas finas de imburanas e, depois do ofício completo, os solos de doces cantigas de ninar sertão.
Subindo o rio, pela estrada amarela, poeirenta, ou pelo alto das copas de aroeiras, tamboris e ipês, ganhamos a cidade fazendo pouso nas ruas onde ressoam caixas e violas e todos instrumentos do terno de folia de Adão Barbeiro. Eia! Tem folião saudando lapinha. Tem folião saudando São Pedro e Adão Barbeiro puxando o grupo com serenidade, com seu velho escudeiro, de olhar baixo e alma nas baquetas, o caixeiro João Pomba Triste. A viola repica acordes e neles repassa Adão Barbeiro que artista não morre. Encanta-se e fica por aí assistindo o mundo passar.
Ganhando o alto esbarramos na praça da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Na esquina, com a rua São Romão, uma casa sossegada sem aparência de ser diferente das outras, mas no fundo, há de se lembrar do grande mestre Nego de Venança briquitando (como dizia o velho baiano Zé Domingos, do Campo de Sementes e Caio Martins) com instrumentos de vida nova – violas e rabecas, ou ressuscitando aqueles que ali chegavam, em sua oficina, aos cacarecos.
Vamos para as bandas do Sobradinho. Uma ruazinha nova, perto da capela. Uma pequena oficina montada para um mestre – Joaquim Goiabeira. Ali buscavam foliões de todos quadrantes as caixas de tamanhos variadas para empreenderem suas jornadas com os ternos de folias. Joaquim fabricava cada caixa com arte como se esculpisse uma obra de arte – e o era.
Pois é, neste Dia 22, Dia Internacional do Folclore, nossa comunidade rende homenagens aos nossos grandes mestres. Homens que com toda simplicidade (nisto se inclui o mestre Saul que apesar do vasto saber, era simples no contar, no transmitir, no sentir) enriqueceram a nossa cultura, deram uma dimensão especial ao nosso Folclore. Homens que traduziram, com sua arte, a nossa alma.




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