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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A ENCHENTE DE 2012








Porto do Quebra

Rio São Francisco, meu muito amado Rio São Francisco, tão belo, gracioso e surpreendente em todas as eras do ano. Na seca, quando mostra seu corpo quase feito de areia dourado - nas praias ou coroas que crescem como ilhas onde faz o Quem-quem o seu ninho; tempo em que escorre no seu lento caminho, com tanta suavidade que sua música somente se ouve no silêncio da noite ou na frescura da aurora; que tem águas claras que se mostram de verde suave; o espelho reluzente esconde seu leito raso e dá de pensar que está tão farto de água; os barrancos se mostram de todo, com o emaranhado do capim braço-duro segurando o barro e as raízes do pajeú fincadas em suas pedras - como é belo. Na cheia, o espetáculo nos remete ao grandioso. Não mais barranco com capim - as águas fortes, barrentas, lambem as copas das árvores, onde o canoeiro atraca sua embarcação e pula à terra pelo galhos; desce com força incrível, águas revoltosas, ondas saltitantes, levando tufos de garranchos, pequenas ilhas de aguapé e vai fazendo uma faxina geral no que o homem, sem escrúpulo ou saber do belo, nele atirara seus restos. Na enchente ele apronta muito, mas não assusta tanto como quando está seco. O medo da falta de água é muito maior que o excesso dela. A falta de se remedia; o excesso deixa mais lucro, ainda que se perca uns roçados, mas fica uma terra bem molhada e adubada. Na seca a travessia das barcas é prejudicada porque o canal fica entupido de bancos de areia, tão difíceis de serem removidos; com a enchente não há esse risco - a preocupação é com os portos que precisam ser mudados, em busca de pontos mais altos - a travessia, assim, vira um passeio de muitos minutos, quase hora no desce e sobe de mais lonjura.
A enchente, por não ser repetida a cada ano, quando vem, vira atração. A cidade entorta-se, todo movimento vai para orla - da Praça dos Pescadores até à Lagoa da Luzia. Na praça dos Pescadores o porto improvisado. E ficam apinhados os bares - de viajantes e curiosos, que ver movimento é bom. Na frente da Igreja, onde se inaugurou a cidade de São Francisco, então Pedras de Cima, ali do Cruzeirinho, tendo ao fundo a majestosa torre da matriz de São José, pára-se para contemplar extasiado a carreira do rio com suas águas velozes, roncando, a beijar as pedras onde em noites enluaradas cantou a Iara, a nossa sereia, e os troncos do pajeús remanescentes. Mais na frente é grande a concentração de pessoas junto à balaústre com os pés quase dentro d´água, tendo à frente o belo Peixe-Vivo, de tanta fama e histórias. Passa-se, depois pela esquecida barca de um belo projeto que não vingou e,ali, a cada ano, se entupindo de lama - que desperdício. Depois, a visão é de um ranchinho plantado nas barrancas do rio, agora ilhado. Chega-se ao belo clube campestre Carquejo que virou uma ilha inundada - só o telhado não foi tomado pelas águas. Nossa! Que beleza! Diz o passante diante do espetáculo sem lembrar dos prejuízos da turma do clube. Por fim chega-se à ponta da Lagoa da Luzia que se transformou e um imenso lago - aí sim, que beleza e sem causar prejuízos.
O São Francisco beirou os dez metros (9,75m no domingo 15). Deixou muita gente apreensiva, mas não causou tantos estragos nas propriedades barranqueiras. Muita gente foi socorrida pela Defesa Civil Municipal, sendo alojada em prédios públicos, na cidade. Depois, abaixando as águas, voltam às suas casas e a vida retorna ao normal. Assim foi sempre. Assim será, pois o rio tem sua missão - correr buscando o mar, seco ou cheio, mas sempre ali. Graças a Deus.














Bar Recanto das Pedras, na barranca do Rio.


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Mirante da Matriz

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Pesca do Camarão


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Peixe-Vivo



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Clube Campestre Carquejo



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Ranchinho isolado


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Lagoa da Luzia


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Para os barranqueiros são-franciscanos distantes, que não viram a beleza da enchente deste ano, passou umas fotografias. É para matar saudades barranqueiras.

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