PÔR DO SOL EM SÃO FRANCISCO
Desce a tarde no cais da minha São Francisco
Então, é o tempo de se entregar ao recolhimento
No afável prazer de ser tomado pela paz.
O olhar embevecido, tão absorto,
Deita-se nas águas do amado rio
Que deslizam de modo suave, sem ondeado,
Sem canção, tão perto de dormir.
Incandescente, decaindo do zênite, o Sol
Descreve a suave curva rumo ao ocaso.
Dia todo teve para navegar a céu aberto
No vasto universo de profundo azul.
O dia se despede...
É de modo preguiçoso o cair do astro rei.
Mais possível de ser apreciado
Pois não é mais a imensa bola incandescente.
Enfim, ele mergulha na linha do horizonte,
Deixando pelo caminho plúmbeas nuvens,
Pintando um quadro que desperta saudades,
Um chamado para a oração ao Criador.
Um leito purpúreo orna o horizonte.
O ninho em que se escondeu o Sol,
No vermelho suave da dignidade real.
Ele não se vai de todo, persiste em ter o dia,
Ainda se mostra buscando o alto,
Como despedida última das luzes,
No faial de luzes, entrelinhas harmoniosas.
Haveria de se ter o cromo no lado oposto,
Pouco acima da linha do ocaso,
Uma cortina de nuvens, painel violeta,
A brandura e brilho suave da ametista.
Enquanto isso desliza o rio
E se faz em espelho cortado por rastro dourado,
Um suave raio de luz de margem a margem.
O espelho reflete as mutações das cores,
Que registra, a cada dia, o deitar do sol.
Cores deixadas se esbatendo em ritmo ameno,
Súditas do rei que se despediu.
Deus foi tão generoso com a terra de José,
O patrono da cidade.
Com a terra de Francisco, o santinho.
Terra dos nossos amores.
São Francisco, dezembro de 2012.