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sábado, 22 de dezembro de 2012



 PÔR DO SOL EM SÃO FRANCISCO



Desce a tarde no cais da minha São Francisco

Então, é o tempo de se entregar ao recolhimento

No afável prazer de ser tomado pela paz.

O olhar embevecido, tão absorto,

Deita-se nas águas do amado rio

Que deslizam de modo suave, sem ondeado,

Sem canção, tão perto de dormir.

Incandescente, decaindo do zênite, o Sol

Descreve a suave curva rumo ao ocaso.

Dia todo teve para navegar a céu aberto

No vasto universo de profundo azul.

O dia se despede...

É de modo preguiçoso o cair do astro rei.

Mais possível de ser apreciado

Pois não é mais a imensa bola incandescente.

Enfim, ele mergulha na linha do horizonte,

Deixando pelo caminho plúmbeas nuvens,

Pintando um quadro que desperta saudades,

Um chamado para a oração ao Criador.

Um leito purpúreo orna o horizonte.

O ninho em que se escondeu o Sol,

No vermelho suave da dignidade real.

Ele não se vai de todo, persiste em ter o dia,

Ainda se mostra buscando o alto,

Como despedida última das luzes,

No faial de luzes, entrelinhas harmoniosas.

Haveria de se ter o cromo no lado oposto,

Pouco acima da linha do ocaso,

Uma cortina de nuvens, painel violeta,

A brandura e brilho suave da ametista.

Enquanto isso desliza o rio

E se faz em espelho cortado por rastro dourado,

Um suave raio de luz de margem a margem.

O espelho reflete as mutações das cores,

Que registra, a cada dia, o deitar do sol.

Cores deixadas se esbatendo em ritmo ameno,

Súditas do rei que se despediu.

Deus foi tão generoso com a terra de José,

O patrono da cidade.

Com a terra de Francisco, o santinho.

Terra dos nossos amores.





São Francisco, dezembro de 2012.