MENSAGEIROS DA EMOÇÃO NO LANÇAMENTO DO LIVRO “DO CERRADO ÀS BARRANCAS DO SÃO FRANCISCO”
GUI: Do Cerrado às barrancas do São Francisco.
JACINTA: De autoria do nosso companheiro João Naves, com participação gráfica de Dirceu Lelis de Moura e diagramação de Bia e Jonas. Eis o belo trabalho, arrematado pela gráfica Santo Antônio. Aplausos para eles, amigos.
CANÇÃO: MINHA TERRA
ZENINHA: Disse Domingos Diniz sobre o livro:
JACINTA: SER TÃO SEM cercas nem porteiras. Vastas terras que não acabam mais, cortadas por morros e morrotes. Banhadas por lagoas e veredas, veredinhas e veredões de buritizais que se perdem de vista. Lá onde os córregos e rios nascem e vão engrossar as águas do São Francisco. Os gerais de terra frouxa, onde a anta sapateira deixa vivas suas pegadas e bandos de emas se esporeiam com os próprios ferrões que trazem debaixo das asas, para correrem mais e mais nas campinas. Ao meio-dia com o sol quente, nos roçados, enquanto o sertanejo planta o milho, pássaros-pretos, nas grimpas das aroeiras, cantam “enfincam, enfincam, enfincam / arranco, arranco, arranco”.
SEM SER TÃO pobre o mundo do sertanejo, que trabalha na sua roça de milho, mandioca e cana. Cuida da família e toca viola, nas noites de lua, sentado no batente da porta da casa.
CANÇÃO: LUAR DO SERTÃO
GUI: “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade.
BEATRIZ: “O Urucuia vem de montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá - fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeira de grossura, até virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho”.
GUILHERME: “Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniões...”
ZENINHA: “O sertão está em toda parte”.
JACINTA: É donde canta apaixonado o sertanejo:
MÚSICA DE FOLIA DE REIS (GUAIANO) -NAMOREI UMA BAIANA
JACINTA: O nosso cerrado é de riquezas em coisas, bichos e gente. Do bravo sertanejo, do cantar de Euclides da Cunha, um forte antes de tudo, tem também seus tipos tão especiais. Rochinha, Zé Berto, nosso Barão de Munchasen, Pinico Seriema, Quelé. No seu jeito, lembramos, aqui dois deles.
ZENINHA: - Oi. Tibúrcio, quantas horas?
JACINTA: Sem relógio, ele olhava para o sol e dizia, sem nunca errar: -
GUILHERME: Duas horas e quinze minutos.
JACINTA: A sua manha foi descoberta: de quando em quando ele se informava das horas e, aí aprendeu bem calcular. Por isso não errava nunca.
José Saraiva Durães, o nosso Zé Bambu, hoje no Lar dos idosos, beirando cem anos com toda saúde. Quando mais jovem, no acompanhar das folias pelas trilhas do sertão, ele cantava apaixonado:
MÚSICA DE FOLIA DE REIS (QUATRO): MINHA NAMORATE TEM A PELE FINA...
JACINTA: Cerrado das belas flores: em junho o pequi, em julho a sambaíba, conhecida mais como lixeira, em agosto a caraibinha toda amarela ou as copas da sucupira-preta vestida de roxa. Ali, o sertanejo tece, com o branco da sambaiba, o amarelo da caraibinha, e o verde da copa da piuna, no azul profundo do céu sertanejo, tem a bandeira do Brasil. E de delicadeza, ele tem a ciganinha, cantada, com sensibilidade tanta, por Saul Martins:
MENINA GABRIELA POESIA FLORES DO CAMPO
JACINTA: Tem uma passagem escrita pelos relatos de Rui Mendonça, Leão e João Quexedé, é a riqueza de nossa fauna. Tem bichos e tem histórias passadas, como no casos de Marciano Moreira com as onças.
MÚSICA - MODA DA ONÇA
BEATRIZ: Ainda pelas bandas do cerrado, a narração escorrega pelo pagos de Serra das Araras e retrata a lenda do Santo Antônio sua fuga da igreja chique da cidade para seu ranchinho na Serra das Araras. Dó de se ver aquele santinho na trilha arenosa batendo a precatinha.
JACINTA - chap... chap... chap. chap... chap... chap.
BEATRIZ: E, passados os anos, a Serra ganhou fama e música que todo serrano canta apaixonado.
MÚSICA: ADEUS SERRA DAS ARARAS
JACINTA: E saltando o rio, o livro retrata o de ser da mata seca, não de tanta beleza no inverno, mas exuberante, quando chove - aroeira, imburana, mamoninha, tamboril, angicos e o sagrado umbu.
Do lado de cá tem serra onde o caboclo apaixonado pode cunhar com a ponta da faca o nome da mulher amada.
MÚSICA: NO ALTO DAQUELA SERRA....
JACINTA: É de cá que os escritos falam de Adão Barbeiro, Mestres Minervino e Nego de Venança, sai cantando com os foliões que alegram as noites natalinas e repetem, a cada ano, histórias que o tempo gravou. As danças animadas - lundu, quatro, catira.
DANÇA: CATIRA - DANÇA
JACINTA: Em São Francisco, no ciclo natalino, ao cair da noite alteiam-se as vozes e o tan-tan das caixas nas pontas das ruas. Aparece animado cortejo, com a meninada explodindo em alegria, desafiando a população: todo mundo me dizia que meu boi não saia... e chegava para provar
AUTO - BOI-DE-REIS
JACINTA: Chega por fim para bebericar nas águas do São Francisco, o sagrado São Francisco. Agradecido Senhor Deus por nos ter dado tão maravilhoso rio e com ele a doce lembrança de um santo amoroso das águas e dos bichos, São Francisco.
MENINA MARINA - POEMA NA MINHA TERRA PASSA UM RIO
JACINTA: Antes de nossa descida às barrancas, vamos fazer um registro que é de propriedade tanta – no seu significativo e por ser de grande coincidência de acontecer nesta data o lançamento do livro sertão: hoje é o Dia do Sertanejo. Êta sô!
E na hora de agradecer, no encontro com o Criador, é nas águas douradas do rio, pincelada pelos raios do sol, que o homem descansa e se reencontra com a paz.
CANÇÃO - GREENFIELDS
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