Flores da orla do Rio São Francisco
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Buquê de Caraibinha Branca |
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Caraibinha - flores maduras |
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Caraibinha - flores maduras |
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Caraibinha Branca |
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Caraibinha Branca |
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Caraibinha Branca |
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Caraibinha Branca |
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Pajeú |
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Pajeú |
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Pajeú |
Agosto chegou e, com ele a
primeira florada do sertão. Aqui e ali, o ipê explodindo em amarelo ouro;
noutras bandas, o roxo da sucupira preta. A natureza vai se transformando meio
à sequidão, refrigério para a falta de chuva. Tempo de florir, é tempo de
florir.
Gosto,
de maneira muito especial, do passeio pela orla. No trecho que vai da Praça dos
Pescadores até a Praça da Matriz, de um lado e de outro da avenida, floresceu a
caraibinha branca. A brisa que vem do rio, balança as suas flores que parecem
flocos de neve, de tão brancos, e um suave e tão doce perfume invade o ar.
Agraciado o caminheiro que passa por aquele corredor ao nascer do sol. Rio
plácido, dormindo; brisa suave, o céu se vestindo de rubro e dourado, no
esbater das cores que sobem da nascente com o sol e se espalham pelo
universo.
Dias
passados, a copa da caraibinha vai transmudando – as brancas e perfumadas
flores vão ganhando um suave tom marrom e se desapegam das pencas como
delicadas hélices, virando brinquedo de criança. Hélices sim, para ir longe ao
sabor do vento, levando sua linhagem.
Salteando
os pés de caraibinhas vê-se o florir do pajeú, filho das barrancas. Flores em
cachos, verde-verdinhas. Não são perfumadas, porém muito lindas, porque
cobrem toda a copa da árvore como um
manto. Com o passar dos dias, elas vão perdendo o verde para se fazerem
vermelhas, que ficam por tempo, até que se desprendem dos galhos para forrar o
chão meio à relva das barrancas. Assim é por vida centenária.
A
orla pode não ter o glamour, o encanto/tanto, das cerejeiras do Japão quando
florescem e atraem os olhares do mundo; nem as flores de maio de Nova York e,
por aqui, nem tanto como o encanto das flores vivas das paineiras de Belo
Horizonte, mas elas são diferentes. Aqui, nossa caraibinha e pajeú, são
alimentadas pelas águas do São Francisco. Suas raízes bebem n os veios d´água
que minam do sagrado rio – é água especial. Depois, são sopradas, todas as
manhãs, pela brisa que passa pelo lençol do rio e sobe ao céu com suas
mensagens. É uma magia.
São,
para os meus olhos, as flores mais belas e perfumadas do mundo, porque as vejo
com o coração.
Estou
vivendo esses momentos de magia, de encanto, da simbiótica relação
rio-flores-árvores e, no meio lá vou eu usufruindo tudo o que Deus nos deu.
Sim,
daqui a pouco, não muitos dias além, veremos o vestir-se do tamboril. Hoje
galhos limpos, secos, estendidos ao céu. Breve será coberto de folhinhas de
verde diáfano até se forrar de vez na sua exuberância com o verde sumo.
É
a magia da nossa orla. É a dádiva do nosso São Francisco, judiado, mas tão
lindo.
Francisco,
do Francisco e, agora, mais Francisco - como pode barranqueiro viver longe do
seu rio?